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Informações de IA na música: o que artistas pensam sobre a tecnologia que faz até Ariana Grande cantar em português

IA na música: o que artistas pensam sobre a tecnologia que faz até Ariana Grande cantar em português

David Guetta e Grimes estão entre entusiastas da tecnologia, mas há gravadoras tentando desacelerar a popularização

22/05/2023 ás 14:16:00

Fonte: Por Lucas Costa, gshow — Rio de Janeiro

Ariana Grande é a vocalista mais capacitada do mundo atualmente? Bem, do ponto de vista da Inteligência Artificial, parece que sim. Entre os modelos de vozes treinadas pela tecnologia que se tornou o grande assunto do mundo da música, Ariana é uma das mais replicadas nas redes sociais, e já “cantou” até forró e piseiro.

Os covers que divertem usuários do Twitter e TikTok, e já fizeram até Michael Jackson cantar músicas do The Weeknd, no entanto, se tornaram uma grande preocupação na indústria musical. Enquanto há gigantes entusiastas da nova ferramenta, como David Guetta, há aqueles que declaram guerra contra os modelos de vozes treinadas.

A ferramenta do futuro

“O futuro da música está na IA [Inteligência Artificial]”, contou Guetta à BBC, depois de usar um vocal treinado de Eminem para uma música recente.

O produtor de “Titanium” usou alguns sites para criar a música que usou apenas em shows, e não pretende lançar a faixa comercialmente. Ele acredita que IA deve se tornar uma ferramenta usada por músicos para a criação de novos sons no futuro, isso porque: “todo novo estilo de música vem de uma nova tecnologia”.

 

“Tenho certeza que o futuro da música está na IA. Com certeza. Não há dúvidas. Mas como uma ferramenta”, explicou David Guetta à BBC. “Nada vai substituir o bom gosto”, completou.

 

"O que define um artista é que você tem um certo gosto, um certo tipo de emoção que deseja expressar e vai usar todos os instrumentos modernos para fazer isso", pontuou Guetta.

 

Um hit injustiçado?

Se IA é coisa do futuro, bem, ele já parece ter chegado. No começo de abril, o mundo foi introduzido ao primeiro hit viral feito por Inteligência Artificial. Um produtor misterioso do TikTok, que usa uma camisa para esconder o rosto e se apresenta como Ghostwriter, juntou as vozes de Drake e The Weeknd em “Heart On My Sleeve”.

O vídeo com a música chegou rápido à marca de milhões de visualizações no TikTok, e também conseguiu centenas de milhares de execuções no Spotify e YouTube. Mas o momento de fama não durou muito.

A música foi removida dos serviços de streaming, e também se tornou indisponível no TikTok. Tudo isso pouco tempo depois que a Universal Music Group demonstrou preocupação frente à popularização do uso de IA.

Há pouco mais de um mês, a gravadora pediu para que as plataformas de streaming - incluindo Spotify e Apple Music - cortassem o acesso ao seu catálogo de músicas por desenvolvedores que o usam para treinar tecnologia de IA.

 

“Não hesitaremos em tomar medidas para proteger nossos direitos e os de nossos artistas”, escreveu a Universal Music para plataformas on-line em março, em e-mails obtidos pelo jornal britânico "Financial Times".

 

IA para a música brasileira

 

Rennan da Penha, um dos produtores mais expoentes do Brasil, não enxerga lógica no uso de Inteligência Artificial para a música.

 

“Acho sem cultura, sem raciocínio e sem inteligência. Não há lógica deixar com uma ferramenta o nosso trabalho como produtor, que é nos reinventar, fazer arte”, conta Rennan ao gshow.

 

O produtor de “Hoje Eu Vou Parar na Gaiola” e “Talarica” acredita que as músicas devam vir de uma produção sentimental, e a Inteligência Artificial esvazia tal sentido.

Ele se refere também à explosão do uso de IA por usuários das redes sociais, principalmente para a produção de covers. Foram estes que descobriram, por exemplo, que o modelo de voz treinada de Ariana Grande, funcionava para músicas brasileiras. Veja alguns exemplos:

"Afirmo que nunca vou apoiar isso. Ferramentas para fazer a produção crescer, desenvolvimento de produção é compreensível, mas o uso de IA para fazer uma música pronta para você não tem como. Você só está ocupando o espaço de quem deveria estar fazendo algo certo, que é pegando os sentimentos, entrando no estúdio e fazendo música do coração para fora, não por views ou luxúria", avaliou Rennan.

 

 

De mãos dadas com IA

Enquanto o mercado não chega a um consenso quanto ao uso de IA na música, há artistas que já fizeram seus acordos por conta própria. Grimes, conhecida pelo trabalho com música eletrônica, usou a história da música de Drake e The Weeknd para dizer qual seria o seu tipo de acordo.

 

“Vou dividir 50% dos royalties de qualquer música bem-sucedida gerada por IA que use minha voz. O mesmo acordo que faria com qualquer artista com quem colaboro. Sinta-se à vontade para usar minha voz sem penalidade. Não tenho gravadora e nem vínculos legais”, escreveu a artista no Twitter.