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Sete pecados: entenda como o Santos foi rebaixado pela primeira vez na história

ge detalha os principais erros do Peixe na campanha que levou o time para a Série B

07/12/2023 ás 15:57:00

Fonte: Por Redação do ge — São Paulo

O primeiro rebaixamento do Santos em 111 anos de história foi consumado em 6 de dezembro de 2023, mas começou a ser gestado muito antes disso, fruto de inúmeros erros administrativos e esportivos.

Em crise há três anos, desde a derrota na final da Conmebol Libertadores, em janeiro de 2021, a equipe vinha frequentando desde então as últimas colocações não apenas do Campeonato Brasileiro, mas também do Paulistão.

 

Muita quantidade, pouca qualidade

 

O que todo torcedor santista já sabia foi reconhecido pelo próprio coordenador de futebol do clube, Alexandre Gallo: o elenco alvinegro é ruim.

– A equipe tem muitos problemas técnicos. E não pudemos fazer essa correção porque só podíamos contratar jogadores que estavam sem contrato. Sem transferir a responsabilidade, mas isso é um fato – declarou o dirigente, que ainda completou:

– Eu acho que é possível ter uma equipe melhor que tínhamos nesse momento vivendo essa realidade que vivemos. Infelizmente essa falta de qualidade nos trouxe a essa situação agora.

As deficiências persistiram apesar das dezenas de contratações feitas em 2023. Neste ano, o presidente Andres Rueda fechou com 21 novos jogadores - praticamente a inclusão de um novo elenco completo durante a disputa da temporada.

Do time que iniciou a última rodada do Brasileirão, apenas João Paulo, Lucas Braga e Soteldo estavam no clube no ano passado.

Além do alto custo com as contratações, a rodagem dos jogadores nos corredores do CT Rei Pelé inviabiliza a manutenção de um sistema de jogo e dificulta o entrosamento entre os titulares.

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A título de comparação, dos 11 titulares utilizados no primeiro jogo da temporada, contra o Mirassol, no Paulistão, cinco deles não vestem mais a camisa do Santos.

 

Trocas de técnico

 

No ano de seu rebaixamento, o Santos foi treinado por quatro nomes diferentes. A temporada começou com Odair Hellmann, demitido após as eliminações no Paulistão, Copa do Brasil e Sul-Americana. Na sequência, com o Brasileirão em curso, o time foi dirigido por Paulo Turra, que durou 43 dias e apenas sete jogos no cargo.

O uruguaio Diego Aguirre foi o escolhido para substituí-lo, mas a experiência durou apenas cinco jogos. Sem opções no último trimestre do ano, o Santos recorreu ao então auxiliar Marcelo Fernandes, efetivado em setembro.

As constantes trocas não impactaram negativamente apenas em questões táticas e na metodologia de trabalho, e sim nos nomes da comissão técnica, na rotina do CT Rei Pelé e no planejamento estratégico do departamento de futebol.

 

Extracampo

 

Santos lidou com diversos problemas fora das quatro linhas nos últimos tempos.

Em maio, o clube decidiu afastar Eduardo Bauermann, zagueiro que admitiu ter participado de esquema de manipulação de jogos por apostas esportivas. Depois, o contrato dele foi suspenso.

Em julho, outro jogador foi afastado, mas dessa vez temporariamente: Soteldo foi afastado pelo então técnico Paulo Turra depois de se recusar a treinar após a partida contra o Blooming, pela Sul-Americana. O atacante, então, passou a trabalhar separado dos companheiros e só foi reintegrado após a saída do treinador.

Mais recentemente, na semana passada, um novo contratempo: Marcos Leonardo e Jean Lucas se atrasaram na apresentação para a viagem a Curitiba, onde o Peixe enfrentou o Athletico-PR na penúltima rodada do Brasileirão.

 

Demorou a engrenar

 

O desempenho no segundo turno seria suficiente para salvar o Santos do rebaixamento. Na segunda metade do Brasileirão, o Peixe teve a décima campanha, com 46,3% de aproveitamento.

O problema foi na primeira parte da competição, quando somou apenas 18 pontos em 57 disputados. A equipe até tentou correr atrás do prejuízo, mas não conseguiu.

 

Desempenho na Vila Belmiro

 

Trunfo do Santos em outros momentos, o Alçapão não funcionou em 2023. A equipe deixou escapar pontos importantes dentro de casa, inclusive na reta final - o time não conseguiu vencer os últimos quatro jogos como mandante, diante de Cuiabá, São Paulo, Fluminense e Fortaleza.

O Peixe terminou o Brasileirão com a sexta pior campanha em casa, com apenas 46,3% de aproveitamento.

Questionado sobre por que o Santos teve tanta dificuldade para vencer as partidas na Vila, o coordenador Alexandre Gallo foi sincero:

– Porque você tem que construir o jogo e não tem qualidade para isso.

 

Fracassos em momentos decisivos

 

A fragilidade emocional do grupo santista ficou evidente momentos-chave. Em que pese a baixa competitividade e ausência de referências dentro do próprio elenco, o Peixe não conseguiu se impor em jogos decisivos.

Santos colecionou fracassos em jogos importantes, como diante do Ituano (na última rodada da primeira fase do Paulista), Bahia (nas oitavas da Copa do Brasil), Newell's Old Boys (Copa Sul-Americana) e, mais recentemente, na reta final do Brasileirão. Soma-se a isso as goleadas sofridas para os rivais Palmeiras e São Paulo, e também diante de Fortaleza e Internacional no Brasileirão.

 

Sistema defensivo

 

A fragilidade da defesa foi um dos pontos baixos do Santos ao longo da temporada. Levando em conta as quatro competições que disputou, o Peixe sofreu 87 gols em 62 partidas - média de 1,4 por jogo. É o segundo pior número do clube em todo o século 21. 

Ao longo deste ano, a equipe teve Eduardo Bauermann, Maicon, Alex Nascimento, Luiz Felipe, Joaquim, Messias, João Basso e Jair Cunha em campo. Além deles, os improvisados Dodô, João Lucas e Tomás Rincón atuaram na posição em algum momento do ano. 

Com a mudança dos técnicos, o clube jamais teve uma dupla ou trio de defesa fixos, o que dificultou o entrosamento e contribuiu para um número tão alto de gols sofridos.