Informações de Qck explica como grave acidente o fez evoluir: "Muito difícil"
Qck explica como grave acidente o fez evoluir: "Muito difícil"
Novo jogador da LOUD relembra fraturas que quase o deixaram paraplégico, comenta período na FURIA, fala de recusa no MIBR e traça planos para a carreira
Contratado pelo time de Valorant da LOUD, Gabriel "qck" acredita que o grave acidente que sofreu em janeiro do ano passado o ajudou na evolução dele como pessoa e profissional. Em entrevista ao ge, o jogador relembrou da lesão que quase o deixou paraplégico e disse que o "momento muito difícil" que enfrentou o fez perceber que "era muito mais forte mentalmente e fisicamente" do que pensava ser.
— Foi um momento muito difícil psicologicamente para mim, porque foi uma coisa que aconteceu do nada. Eu não sabia como lidar, quais consequências eu iria sofrer daquilo. Eu não pensei em nenhum momento que eu fosse parar de jogar. Eu estava mais preocupado se um dia eu iria voltar a andar, porque tive muita chance de perder o movimento das pernas — declarou qck, que fraturou duas vértebras da coluna, a T11 e T12, em um salto de 12 metros no mar durante um evento no Guarujá (SP) do qual participou pela FURIA.
— Quando isso aconteceu, eu percebi que era muito mais forte mentalmente e fisicamente do que eu achei que era. Com certeza isso fez parte da minha evolução como pessoa e como jogador, saber lidar com coisas ruins da vida. Com certeza eu olho para trás e vejo que foi muito importante para a minha vida.
Ele contou que se recuperou plenamente do acidente e que, hoje em dia, está bem, apesar de ainda sentir dores.
— Talvez por eu ser muito jovem, o meu corpo lidou muito bem com isso. Claro que tem momentos difíceis, eu passei por cirurgia, passei por muitos momentos de recuperação. Hoje em dia estou muito bem. Ainda sinto algumas dores, mas nada de mais.
Saída da FURIA
Qck passou nos testes para a vaga deixada por Erick "aspas", depois de três temporadas jogando pela FURIA. Ele explicou que teve a oportunidade de continuar na FURIA, mesmo com a reformulação que a equipe promoveu para a temporada 2024, mas que preferiu se desafiar.
— Eu fiquei praticamente três anos na FURIA e queria me desafiar, para jogar com pessoas novas e conhecer uma organização nova. Eu estava disposto a sair da franquia e jogar em outra região, eu não estava muito preocupado com isso. Eu queria me testar.
Nesse período na FURIA, qck chegou a disputar duas edições do Valorant Champions, em 2021 e 2022, e o VCT LOCK IN.
— Claro que a gente não teve os resultados que gostaria, mas a gente construiu uma história legal. Minha decisão, na verdade, veio muito do pessoal. Não foi nada com o time e a organização FURIA, mas sim [em razão de] metas pessoais que eu quero atingir. Eu queria ver se eu conseguia lidar com novas pessoas e jogar em outro ambiente.
Recusa no MIBR
Nessa transição de carreira, qck chegou a fazer teste no MIBR, mas não passou na seleção.
— Eles não entraram muito em detalhe sobre por que eu não fui aceito. Eu acredito que eles decidiram seguir na linha em manter os três jogadores que eles já tinham, então eu não tive muito espaço nisso.
— O MIBR estava procurando talvez outras peças, por ter mantido os três jogadores. Eu fiz o teste como sentinela, e eles preferiram manter o frz. Talvez eu não tenha sido chamado por uma questão deles, de decidirem os jogadores que iriam ficar no time de que as vagas que estavam disponíveis no MIBR não eram a minha função.
Mudanças de função
Embora tenha começado a carreira como duelista, qck atuou a maior parte do tempo como sentinela na FURIA. Ele não crê, contudo, que essa mudança de função tenha o atrapalhado.
— Eu sinceramente não sei responder o quanto isso afetou na minha 'gameplay' [jogabilidade]. Eu sou o tipo de pessoa que, independente da função, se está confortável ou não, eu vou jogar para o time conseguir 'performar' [desempenhar] da melhor forma possível. Eu nunca pensei por esse lado, que se eu estivesse jogando com outra coisa, eu 'performaria' melhor ou não.
De volta à duelista na LOUD, qck repetiu o discurso ao responder se, na antiga função, poderá ter desempenho melhor.
— Eu acho que as qualidades de um jogador estão muito além da função que você vai exercer dentro do jogo, qual personagem você vai usar. Eu não me prendo a qual função eu vou representar na LOUD.
Entrada para a LOUD
Recusado no MIBR, qck passou no teste da LOUD. Segundo Matias "Saadhak", a equipe estava procurando um jogador com experiência. O reforço contou, em uma entrevista anterior, que participou do processo seletivo sem saber o que os integrantes da LOUD buscavam como perfil.
— Sendo bem sincero, eu não sei o que em específico eles estavam procurando e nem o que eles vieram em mim no 'tryout' [teste]. Tentei só dar o meu melhor e, se fosse o que eles estavam procurando, a gente iria fechar. Se não fosse, seria um caminho diferente. Graças a Deus deu tudo certo.
— O meu estilo de jogo é bem parecido com o deles, e eu não esperava isso. Eu achei que eles tinham um pensamento muito diferente do meu, mas a gente acabou encaixando muito as ideias, e está sendo bem produtivo.
Qualidades individuais
Perguntado sobre quais são as qualidades que adiciona à LOUD, qck respondeu:
— Eu acredito que uma das minhas qualidades, até como pessoa, é ser um cara muito divertido no dia a dia. Eu tento muito deixar os moleques felizes o dia inteiro, fazer eles rirem, fazer piada, deixar o clima mais leve possível para que a gente consiga trabalhar, dentro de jogo, de uma forma mais leve. Eu tento muito me doar ao coletivo dentro de jogo, tento sempre deixar os moleques confortáveis nas suas posições e tento criar muita jogada.
Comparações com aspas
Ele admite que a pressão e a comparação com aspas, o antigo dono da posição, serão inevitáveis, ainda mais por ser duelista, a posição que costuma contar com os astros dos times.
— Eu acredito que essa pressão sempre vai existir, mas eu tento me privar disso tudo. Eu me tornar uma estrela ou ser um jogador gigante vai ser só consequência do trabalho que a gente faz no dia a dia. Eu tento não focar muito em coisas externas que possam me afetar de alguma forma.
Sonho de história "muito linda"
Qck disse que ainda não é possível saber como a LOUD iniciará a temporada 2024, se já defendendo o título do VCT Américas ou em um nível inferior por causa da mudança de jogador.
— Eu não sei muito sobre nível, se a gente vai chegar no mesmo nível, melhor ou pior. Como eu penso, a gente vai focar cada dia no processo. A nossa meta não é, ainda, ser campeão mundial ou ter o maior título possível. Nossa meta é ser melhor a cada dia. Se a gente for campeão fazendo isso, vai ser só uma consequência do nosso treino.
É com esse pensamento que qck sonha em construir uma "história muito linda" na LOUD.
— O meu sonho é ser o melhor jogador que eu posso ser, independente do título. Eu só quero construir uma história legal com esses moleques. São meus irmãos, então eu acredito que eu vou dar o meu melhor para que a gente consiga apenas viver uma história muito linda.