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Mais do que sobrevivente, Alan Ruschel melhora números após tragédia e sonha com título gaúcho
Capitão do Juventude fez mais jogos, mais gols e teve mais protagonismo mesmo diante da desconfiança no retorno aos gramados e mira mais um troféu neste sábado contra o Grêmio
O rótulo vai estar sempre lá: sobrevivente. Mas Alan Ruschel dá provas a cada temporada que é muito mais do que isso.
Ciente da responsabilidade que carrega consigo após o acidente que matou 71 pessoas no voo da Chapecoense em 2016, o lateral tem a chance de escrever mais um capítulo importante em sua trajetória no próximo sábado, na final do Gauchão entre Grêmio x Juventude, e reforçar também uma outra definição: atleta de alto rendimento.
A faixa de capitão do time de Caxias do Sul por si só é a certeza do quanto Alan conseguiu se provar como jogador profissional. As estatísticas, no entanto, ajudam a responder questionamentos de quem coloca em dúvida a volta por cima de quem se recuperou da queda de um avião para ter número ainda mais significativos na carreira.
Com o futuro em xeque após lesões que exigiram resiliência, principalmente na coluna, Alan Ruschel retornou aos gramados em agosto de 2017 no amistoso contra o Barcelona com a camisa da Chapecoense. Desde então, defendeu ainda Goiás e América-MG antes de voltar ao Juventude, clube onde começou a carreira. E os números pós-acidente são melhores do que antes:
"Está sendo uma honra representar o Juventude como capitão. Eu que sou criar da casa, conseguir levar o clube novamente a uma final, tentar conquistar esse título depois de 26 anos..."
- Tudo tem sido bem bacana, único e especial na minha carreira. Vamos fazer de tudo para trazer esse título e mais uma vez gravar o nome na história de um clube brasileiro.
Alan Ruschel em números
Antes do acidente
- 9 temporadas
- 143 jogos
- 5 gols marcados
Depois do acidente
- 8 temporadas
- 204 jogos
- 6 gols marcados
Em sua oitava temporada desde o retorno aos gramados, Alan disputou outras noves antes da tragédia aérea em Medellín em novembro de 2016. As dúvidas sobre suas capacidades foram respondidas com mais jogos, mais gols e protagonismo em campanhas que deram a própria Chape os títulos do Catarinense e da Série B em 2020, manteve o Goiás na Série A em 2019, colocou o América-MG na Libertadores em 2021 e garantiu o acesso do Juventude em 2023.
Neste domingo, às 16h30 (de Brasília), Grêmio e Juventude decidem o Gauchão na Arena do Grêmio, em Porto Alegre. Antes, Alan conversou com o ge e falou sobre as sensações de quem foi além da luta pela vida e se consolidou novamente como atleta profissional.
Você está em um dos melhores momentos da carreira mesmo aos 34 anos. Qual o segredo para manter esse nível de performance mesmo depois de tantos problemas que enfrentou ao longo da carreira?
O segredo está na disposição de querer pagar o preço para estar no alto nível. Eu sabia o quanto era difícil, principalmente por ter voltado de um acidente e passar por tudo que eu passei. A desconfiança seria inevitável e iria existir por alguns clubes e pessoas. Isso me atrasou um pouquinho. Tive que sair da Chape para ganhar ritmo no Goiás e isso fez com que eu voltasse para Chapecó com um pouco menos de desconfiança. Ganhei ritmo e fui campeão catarinense e brasileiro jogando, sendo capitão. Daí em diante, tive mais sequência, o que fez com que minha performance aumentasse e meus anos fossem até melhor do que antes do acidente.
Voltar para casa, conseguir o acesso com fazer gols importantes, chegar à final do Gauchão... Dá para dizer que neste retorno ao Juventude é onde você se sente mais feliz e completo?
Voltar para Caxias depois de um começo não tão bom e dar a volta por cima, terminar o ano passado como um dos artilheiros, conseguir o acesso com gols importantes.. Tudo isso sem sombra de dúvidas torna um dos momentos mais felizes e completos da minha carreira.
Você já falou certa vez que não queria que as pessoas te vissem como sobrevivente do acidente, mas como um jogador profissional capaz de competir em alto nível. Seus números após o acidente são melhores do que antes do acidente. É a maior prova do quanto você se recuperou e é capaz?
Eu sempre deixei bem claro que não queria ser tratado com piedade ou algo parecido. Minha saída para o Goiás e o retorno para a Chapecoense fez com que eu tivesse maior sequência, maior ritmo e minha performance aumentou. Ganhei sequência, o que tira qualquer tipo de desconfiança de pessoas e clubes sobre o atleta Alan Ruschel. Isso que eu queria e consegui. Sempre brinco com o pessoal que quanto mais velho vou ficando melhor, igual a vinho. Para mim, está sendo importante ter esse final de carreira. Era o que eu mais temia. É difícil chegar ao alto nível, mas é mais difícil se manter. E eu tenho conseguido com 34 para 35 anos, ainda mais depois de tudo o que passei.
Por fim, você acabou de renovar o contrato com o Juventude. Já tem alguma decisão quanto ao futuro a longo prazo? Pensa em jogar mais quantos anos? Aposentar no Juventude é seu desejo?
Ficar no Juventude era um desejo que eu tinha por duas, três temporadas e tenho essa possibilidade agora. Tenho o sonho de colocar o clube novamente em um campeonato internacional. Quero estender a minha carreira ao máximo possível, meu corpo vai falar por mim. Não quero falar em aposentadoria agora, tenho muita lenha para queimar. Se for do destino encerrar aqui, jogando mais três, quatro temporadas, respeitando o limite do meu corpo, vou ficar muito feliz. Foi aqui que comecei, é minha casa e onde sou muito feliz.