Informações de Junior revê brilho da carreira e lembra críticas após Copa de 1982: "Quer cantar em vez de jogar bola"
Junior revê brilho da carreira e lembra críticas após Copa de 1982: "Quer cantar em vez de jogar bola"
Maestro gravou disco que vendeu mais de 500 mil cópias antes de viajar para a Copa da Espanha. Ele conta início no Flamengo e revela fim de sonho em diálogo com Zagallo antes do tetra nos EUA
Junior entra na sua casa pela TV há quase três décadas. Certamente você sabe que o comentarista do grupo Globo foi um craque, ídolo do Flamengo e da seleção brasileira. Mas talvez nunca tenha ouvido falar que ele vendeu mais de meio milhão de cópias num samba que uniu a nação em torno do futebol encantador do Brasil de 1982.
Menos ainda sabe que Leovegildo Lins Gama Júnior nasceu em João Pessoa, veio para Copacabana ainda criança e seguia a carreira de estudante de administração de empresas quando decidiu se arriscar nos campos.
Junior completou 70 anos no último dia 29 de junho — Foto: André Durão
O Capacete, que mais tarde também ficou conhecido como Maestro, jogou até os 47 anos em alto nível na praia, sua primeira e grande paixão. Conheceu a esposa num pagode às vésperas de viajar para a Espanha. Sofreu ofensas racistas em campo na Itália e alimentou as chances de ir para a Copa de 1994, a do tetra, até leve atrito com Zagallo próximo do Mundial.
Na semana passada ele completou 70 anos em viagem a trabalho na cobertura da Copa América nos Estados Unidos e repassou a trajetória no Abre Aspas do ge.
Ficha técnica:
- Nome completo: Leovegildo Lins Gama Júnior
- Nascimento: 29 de junho de 1954 em João Pessoa (PB)
- Carreira: Flamengo (865 jogos, recordista), Torino e Pescara. Na Seleção, foi a duas Copas do Mundo (1982 e 1986), fez 69 gols e seis gols. Foi treinador em curtas passagens por Flamengo e Corinthians. No Rubro-Negro, também foi diretor de futebol. É comentarista de futebol desde 1998.
- Principais títulos: Libertadores e Mundial em 1981; quatro títulos brasileiros (1980, 1982, 1983 e 1992); seis títulos Cariocas (1974, 1978, 1979, 1979, 1981 e 1991); Copa do Brasil em 1990. No Beach soccer, conquistou inúmeros títulos internacionais e continentais na segunda metade da década de 1990.
Abre Aspas: Júnior
ge: como você chega aos 70 anos?
Junior: — Se tem uma palavra que eu posso falar é gratidão. Eu consegui fazer aquilo que gostaria, que é uma coisa muito difícil você trabalhar naquilo que você gosta, tendo resultados, tendo alcançado objetivos e principalmente ter o reconhecimento das pessoas pelo trabalho que foi desenvolvido e que foi feito. É realização junto com gratidão, porque nessa trajetória toda foram muitas pessoas que, desde lá de trás, quando a gente começa, que te ajudaram.
Como se relaciona com essa passagem do tempo?
— Talvez até pelo fato de eu ter tido uma longevidade acima da média dos meus contemporâneos, não sofri tanto. Parei de jogar em 1993. Mas no mesmo ano começou o futebol de areia. Pude prolongar minha carreira, até os 47 anos ainda estava competindo. Tive um processo bem tranquilo. É lógico que existem os limites em função da questão física. Eu brinco sempre, toda vez que eu entro no Maracanã. A gente fica pensando: "caramba, o Maracanã está cada vez maior. Como é que a gente virava o jogo de um lado para o outro, né?" Lógico, muito menos idade, você estava preparado pra aquilo ali. Eu procuro, por uma questão de saúde, sempre fazer alguma atividade física. Seja jogando um vôleizinho na praia, seja andando de bicicleta, sempre fazendo alguma coisa, porque eu acho que o próprio corpo da gente, quando você passa muito tempo fazendo essas coisas, sente falta. E eu sinto falta. Quer dizer, para mim foi tranquilo, não tive, vamos dizer, esse problema de "ah, porque vou chegar aos 70..." Se eu estou chegando aos 70 anos bem, então é exatamente porque eu devo ter feito alguma coisa lá atrás que me deu essa possibilidade.
Junior comentarista no Abre Aspas — Foto: André Durão
No fim de carreira, o Fernando Vannucci falava muito "Junior, o Vovô-garoto". Incomodava?
— Muito pelo contrário, quando o Fernandinho falava isso, o vovô-garoto, que não era pejorativo, ele estava exaltando um cara com mais idade e ainda conseguindo acompanhar principalmente a rapaziada mais nova. Isso veio também até mesmo pelas companhias que eu tive no final de carreira. Júnior Baiano, Djalminha, Marquinhos, Nélio, Piá, essa molecada toda. Quer dizer, a cabeça vai tentando acompanhar um pouco tudo aquilo que eles faziam.
O apelido de Maestro também já surgiu mais velho e reflete bem essa fase né?
—Acho que os grandes responsáveis (pelo apelido) foram exatamente os garotos, essa molecada toda ali, né? Porque pra que eu pudesse ter rendimento, comportamento forte naqueles anos, eles foram grandes responsáveis não só dentro de campo, mas fora também. Porque eu acho que era uma obrigação, não só minha, mas também dos mais velhos, por tudo que a gente armazenou durante a nossa carreira, poder passar para esses caras. Dizer para eles da importância, a dimensão que era jogar no Flamengo e buscar objetivos, como a gente alcançou durante aquele período. E eu acho que essa obrigação, ela se transforma numa coisa extremamente gratificante. Eu acho que o fato de estar com eles no dia a dia, de orientar, principalmente, e dizer pra eles.
Junior em 1993, no último ano de carreira pelo Flamengo — Foto: Neal Simpson/EMPICS via Getty Images
— Eu era o irmão mais velho deles. Porque eles estavam começando uma coisa que eu já estava terminando. E contava histórias pra eles. A gente teve a sorte de ter um treinador, um cara também que os conhecia muito bem, que era o Carlinhos. Quer dizer, as coisas se encaixaram de uma forma que a gente pode conduzir, de uma maneira, que até hoje a gente tem o nosso grupo no celular, a rapaziada se fala, caso alguém tenha alguma dificuldade, alguma coisa, a gente mantém o contato.
Foto histórica de Junior com garotada do Flamengo inspirou criação de documentário "A Turma do Maestro Junior" — Foto: Divulgação
Você veio de João Pessoa, na Paraíba, para o Rio com cinco, seis anos. Lembra de alguma coisa dessa transição? Seu pai cuidava da fábrica de azulejos do seu avô.
— Lembro de pouca coisa. O meu avô tinha essa fábrica de azulejos, era mestre de obra. E quando ele faleceu, deixou para o meu pai. Só que o meu pai não tinha tino comercial. Quem não tem tino comercial, normalmente, não consegue continuar com o negócio. O meu avô vendeu e a gente se transferiu, a família, aos poucos veio para o Rio.
— Eu morava na rua Domingos Ferreira, em Copacabana. Quando cheguei eu era muito pequeno, as coisas só foram acontecendo, na verdade, 3, 4 anos depois.Comecei a sair de casa com o meu irmão mais velho. Ele jogava no infantil do Juventus (da praia), então eu o acompanhava para ver os jogos na praia. Ali você vai tomando gosto. É aquela coisa que a gente nem sente quando acontece. Quando eu tinha 9 para 10 anos já estava jogando no infantil do Juventus.
Você tinha mais paixão pelo futebol de praia do que do campo?
— Tinha não, tinha não... Tenho, porque até hoje o nosso pessoal lá do Juventus, lá de Copacabana, a gente tem uma pelada. Na verdade a pelada é um motivo pra gente se encontrar, que é tudo amigo de mais de 50 anos, que crescemos juntos ali em Copacabana. E aí a gente se junta pra jogar essa peladinha, mas na verdade é pra tomar um chope depois e falar um pouco da vida. E o futebol de praia para mim foi a primeira grande diversão que eu tive. Acompanhando o meu irmão, conhecendo as pessoas. Eu não gostava muito de jogar futebol de campo, porque as chuteiras naquela época eram muito arcaicas mesmo. Toda vez que eu calçava uma chuteira era bolha pra tudo quanto é lado, quer dizer, eu não me ficava muito à vontade, mas por contingências da vida acabei indo para o campo.
Você também se apaixonou cedo pelo samba. Como entrou a música na sua vida?
— Meu tio Vavá, irmão da minha mãe, fazia umas rodas de samba em casa. A gente já tinha essa idade (de acompanhar), mais ou menos. Quando minha mãe deixava a gente ficar acordado, eu ficava acompanhando ele. E ele tocava muito bem pandeiro. Eu aprendi a tocar olhando ele tocar. Outra coisa que veio junto também foi o fato de, como a gente morava ali perto da Ladeira dos Tabajaras, tinha a escola de samba, a Vila Rica lá em cima. Então muita gente que morava lá no morro jogava com a gente no Juventus. Quando começava o período de Carnaval, dos ensaios, a gente ia lá para cima, para a quadra. O futebol e o samba começaram juntos na minha vida.
Junior comentarista no Abre Aspas — Foto: André Durão
Você chegou a iniciar faculdade de administração e sempre teve marcação dura em casa para estudar. Era coisa da sua mãe?
— Minha mãe trabalhou no Banco Nacional de Habitação, o BNH, durante um bom tempo, era Caixa Econômica Federal, depois trabalhou no BNH. Esse era o compromisso que a gente teve que assumir junto com ela. Porque nunca teve esse negócio de "ah, não vai jogar futebol", isso nunca teve. A obrigação primeiro, na verdade a prioridade, pode colocar assim, era o estudo. Tanto que eu fiz Primário, Ginásio, Científico na época sem repetir de ano. Era aquele 5,5 ou 6 que passava de ano. E tinha a grande paixão que era exatamente futebol, mas o boletim no final do ano ele tinha que ficar azul, senão... Se fizesse alguma coisa errada, a primeira coisa cortada era a bola. "Não vai jogar na praia". "Não vai jogar salão, não vai fazer nada disso". Era a forma que eles encontraram, na verdade, para que a gente tivesse responsabilidade.
Como foi sua chegada no Flamengo?
— Eu tinha feito teste no Botafogo, levado pelo Neném Prancha, que era muito amigo do Tião, que era dono do Juventus, né? Fiquei um período no Botafogo. Depois fui levado pelo irmão do Giulite Coutinho, que era nosso vizinho, para ficar no América. Mas, na verdade, já estava desistindo porque a concorrência era grande, as dificuldades eram grandes e tal. E eu já estava com 18 pra 19 anos. Aí eu resolvi, "vou parar, vou fazer vestibular". Mas terminou um amigo do meu tio, que jogava vôlei com ele na (rua) Constante Ramos, "ah, vamos lá no Flamengo, vou te levar, o (Modesto) Bria (ex-jogador e treinador paraguaio) é meu amigo..." Eu fui muito mais pra agradar meu tio.
— No primeiro dia para ir ao teste, o seu Bria olhou pra mim - eu com aquele cabelo black power: "isso aí é guitarrista ou é jogador de futebol?" E eu pensei: "meu Deus do céu, onde é que eu fui meter?"
— Aquilo foi uma forma até de descontrair, porque o seu Bria foi muito importante quando cheguei no clube em 1973. Ele e o Jaime Valente me convenceram a mudar de posição, porque eu jogava no meio de campo e tinha feito jogo no juvenil de lateral-direito: "ó, você está na idade que vai subir para o profissional, a concorrência no meio-campo é muito grande e a lateral direita tá com uma certa carência". Terminei aceitando. Eu joguei o segundo turno todo do Campeonato Carioca como lateral-direito e no final do ano subi para o profissional como lateral-direito..
Você estudante na facultade certamente teve que fazer escolha difícil para conciliar estudos e uma vida de jovem em Copacabana e o futebol, que requer sacrifícios. Como foi isso?
— Na verdade, o diabinho ficou aqui, né? No ombro.Eu treinava no sábado de manhã. E de tarde tinha os jogos do Juventus, na praia. Quando eu estava indo pra concentração, o pessoal estava no bar. Normalmente comemorando. Eu ia para a Atlântica, pegar um ônibus para São Conrado. E a galera com aqueles convites de sempre (risos).
— Só que, na minha cabeça, era questão de oportunidade. Depois eu não teria mais em função da idade. Isso que me moveu de não parar ali. Conheci muitos outros que tinham condição de serem profissionais só que se deixaram levar por essa fragilidade, entendeu? Eu acreditei sempre que poderia. Até mesmo pelas pessoas que me orientavam. Para estudar eu tinha oportunidade depois. Mas mesmo assim eu terminei passando para administração, fiz quatro períodos na Cândido Mendes... Só larguei porque em 1976 eu fui convocado para a Seleção Olímpica. Ia ficar um grande período fora. E eu me lembro que o reitor se chamava Sérgio Pereira. Eu falei: "vou ter que trancar a faculdade." Ele falou: "não, a gente ajuda daqui, ajuda dali. Dá pra você continuar". Eu falei: "não dá, pô. Vou fazer um mês de excursão. Depois de tem mais dois meses e pouco com a preparação para Olimpíada." Mas eu falei: para estudar eu vou ter tempo, essa oportunidade que está aparecendo para mim, não sei se vai acontecer novamente. De repente eu até volto, mas não consegui voltar, porque depois a carreira deslanchou.
Junior comentarista no Abre Aspas — Foto: André Durão
Você desenvolveu praticamente uma ambidestria. Como treinou para se tornar lateral-esquerdo?
— Eu usava a perna esquerda para fazer lançamentos, para chute a gol, mas era muito mais para passar com a perna de apoio. Estava há dois anos no profissional na lateral direita, aí me aparece doutor Francisco Horta com aquela história do troca-troca. Só que ele manda para o Flamengo o Toninho Baiano, que era jogador de seleção brasileira. Eu falei: "caramba, agora que estou ambientado, vou ter que esperar. Chegou um cara com muito mais bagagem que eu". Só que nesse período o nosso treinador era o Carlos Fromer. Ele me perguntou se eu jogaria na lateral esquerda. Eu falei: "posso tentar, mas nunca fui lateral-direito, agora o senhor está querendo que eu vá para a esquerda..." E tinha o Vanderlei (Luxemburgo). Ele jogou o primeiro tempo num jogo contra o Brasil de Pelotas e eu joguei o segundo tempo. Aí vi que tinha condição. Só que eu tinha essa dificuldade muito grande de chegar na linha de fundo e fazer o cruzamento com a esquerda. Tinha um paredão de madeira lá na Gávea, que a gente ficava batendo - como se fosse de tênis mesmo. Fui treinando, praticando. Até o dia que você consegue fazer o cruzamento do jeito que você quer. Terminei até batendo córner de canhota.
Sócrates uma vez disse você era o mais completo entre todos os craques de 1982. Concorda?
— O Magrão era amigo mesmo (risos). Eu fui aperfeiçoando, vamos dizer, todos os fundamentos pelo fato de ter começado na praia e como ponta-direita. Depois passei a jogar no meio de campo, quando fui para o campo fui para a lateral. Joguei bom tempo futebol de salão no qual você precisa ter noção de marcação. Tudo isso me ajudou para que eu pudesse desenvolver todas essas ferramentas para poder chegar onde cheguei. E aquela coisa, eu era bem objetivo. Não coloca desafio que eu topo. Eu fui sempre movido a esses desafios.
— Até mesmo para poder chegar jogando até os 39 anos. Cada contrato que eu renovava eu falava: "vou parar esse ano". Mas aí tinha desafio a mais. E fui movido a esses desafios. Mas o Magrão foi extremamente generoso.
Na final contra o Botafogo, em 1992, são dois dribles seus que parece que transformam aquele duelo. Você nunca encarnou no Renato Gaúcho com aquele lance?
— Nunca falamos sobre aquele lance porque não tem nada a ver, né? Renato era meu vizinho, jogamos juntos na Seleção e tivemos várias passagens. É um lance atípico. Lembro que fui na palestra do Pedrinho Salomão, que é amigo do meu filho, e ele disse: "Eu tenho uma coisa para te contar. Em 1992, eu tinha 12 anos e estava subindo a rampa com meu amigo, nós entramos atrasados, e tinha um senhorzinho na frente quando escutamos esse urro. Encostamos e perguntamos: o que houve, quem foi que fez o gol? E o senhorzinho respondeu: "Não foi gol, não. Foi o velho que deu dois dribles no Renato (risos)".
— Ficou marcado porque o Renato era a grande referência do Botafogo naquele ano. O Botafogo vinha fazendo um ano excepcional em todos os sentidos, e o Renato era o cara do momento. Aquele drible e aquela jogada certamente criaram um clima de confiança na torcida do Flamengo que fez com que o jogo descambasse para um resultado que a gente jamais poderia imaginar, que seria fazer três gols em 23 minutos.
Em 1992, já existia fisioterapia e alguns cuidados. Mas muito pouco comparado a hoje, que tem nutricionista etc. Como eram seus cuidados para chegar com quase 40 bem fisicamente?
— Eu sempre disse para a garotada: você tem hora para tudo. Não adianta você querer fazer uma coisa na véspera do jogo porque a consequência vai ser no dia do jogo. Sempre tive uma vida social tranquila, mas toda regrada. A gente não tinha acompanhamento de nutricionista, no final de carreira já tinha uma pessoa que fazia todo um cardápio para que se pudesse ter o melhor rendimento. Acho que é muito mais orientação de dentro de casa, de fazer as coisas certas nas horas certas. Mais do que qualquer outra coisa, o fato de eu ter começado a jogar na areia desde os 8 anos de idade me deu a possibilidade de passar toda a carreira sem ter um problema de joelho ou tornozelo.
— Eu não machucava, não tive o que meus colegas e amigos tiveram, de ter contusão grave e ter que parar por muito tempo. Nunca tive contusão de ter que parar por um mês. Acho que exatamente porque toda minha estrutura muscular e óssea foi formada na areia. E isso me deu a possibilidade de poder jogar aos 39 anos com um bom nível.
"É guitarrista ou jogador de futebol?": Junior Capacete ouviu quando chegou ao Flamengo. Como ídolo, Muhammad Alli: "Principalmente pelas brigas que sempre teve em função do lado racista que nos Estados Unidos é uma coisa muito mais evidente há muito tempo. — Foto: Peter Robinson/EMPICS via Getty Images
A gente lembrou da final contra o Botafogo, mas em 1989 tem outro jogo marcante em que falavam do Flamengo "dos velhos", com você, Zico, na estreia do Bebeto pelo Vasco. O que lembra daqueles 2 a 0 com gols do Bujica?
— Eu quase briguei com o Valdir Espinosa (risos). Na concentração, ele falou: "Sabe como é que é... Dois caras com 35 anos jogando no meio-campo..." E eu falei: "Ô, Valdir, que história é essa?. E ele: "Não, não dá". E eu: "Como não dá?". Ele: "Então eu vou te botar para jogar de beque central". Eu falei: "Tá de brincadeira, né? De beque central para marcar Bebeto e companhia?"
— Ele falou: "É, po, eu vou deixar o Zico no meio e coloco você ali atrás para fazer a saída de bola". Aquelas coisas de convencimento. Eu falei: "Tá bom, vai ser a primeira e a última". Aí termina com a gente fazendo um jogo realmente espetacular, com o Bujica fazendo os dois gols. Mas não foi a última, não. Depois na despedida do Zico, em Juiz de Fora, contra o Fluminense, eu também joguei de beque central.
— Na Itália, eu tinha jogado de líbero, que é diferente. Eu não precisava sair caçando os centroavantes, ficava muito mais na sobra. Usei um pouco daquela experiência que tive no Pescara, em que joguei de líbero duas vezes. Porque quando o cara ia fazer o lançamento e baixava a cabeça, eu já tinha ideia de onde ele ia lançar. Eu saía na frente, ganhava uns dois segundos, que era o suficiente para poder ganhar dos caras muito mais jovens do que eu. Mas aquele jogo ficou marcado porque os dois veinhos de 35 anos conseguiram dar conta do recado.
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