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Como jovem filho de influente empresário construiu SAF que subiu para Série B
Filippo Bertolucci, herdeiro de Giuliano Bertolucci, explica funcionamento da gestão que tirou a Ferroviária da Série D e levou de volta à segunda divisão nacional após 30 anos
Das estradas de ferro da cidade de Araraquara (SP) nasceu a Ferroviária, tradicional time do interior paulista que retornou à Série B do Campeonato Brasileiro depois de 30 anos. O nome por trás da rápida ascensão nacional é Filippo Bertolucci, filho de Giuliano Bertolucci, um dos mais influentes agentes do futebol brasileiro e que movimenta cifras milionárias com vendas de jogadores.
O jovem de 26 anos assumiu a SAF da Ferroviária em dezembro de 2022, com a venda do então acionista, Saul Klein, para o Grupo Bertolucci. Pipo, como é conhecido no mundo do futebol, já era um dos conselheiros da empresa desde 2020, antes de o clube se tornar Sociedade Anônima de Futebol.
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Filippo Bertolucci abraça atacante Carlão na comemoração do acesso da Ferroviária — Foto: Carolina Borges | Ferroviária SAF
Nos primeiros meses à frente da Locomotiva, a nova SAF sofreu um baque, com rebaixamento à Série A2 do Campeonato Paulista. Nem mesmo os seis gols de John Kennedy, emprestado pelo Fluminense, evitaram o descenso da Ferroviária após oito anos ininterruptos na primeira divisão estadual.
Em entrevista exclusiva ao ge, o empresário afirmou que a demora no processo de transformação em SAF atrapalhou o planejamento para o Campeonato Paulista.
– Quando a gente chegou, a organização estava bem bagunçada, com bastante complicação, muita falta de infraestrutura. A Ferroviária teve um processo de compra que se arrastou por muito tempo. Então acho que isso atrapalhou um pouco na montagem do Paulista, porque quando a gente chegou no estadual, já tinham 13 jogadores inscritos. Tivemos pouco tempo para poder manejar o clube. Assim acabou acontecendo o rebaixamento, que foi uma coisa muito ruim, traumática, mas foi o começo da mudança – relata Pipo.
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Diego Tardelli e Giuliano Bertolucci durante passagem do atacante pelo futebol chinês — Foto: Reprodução/Internet
A mudança começou de cima para baixo, com as demissões de diretor executivo Rodrigo Possebon, do gerente de futebol Nando Carandina e do auxiliar técnico Rogério Cuniyochi. Também houve reformulação no elenco, com alguns remanescentes das categorias de base e de atleta considerados líderes da equipe, como o goleiro Saulo e o zagueiro Ronaldo Alves.
Júnior Chávare – falecido em fevereiro deste ano, quando estava no Coritiba – assumiu o cargo de diretor executivo e liderou o processo de reestruturação do clube, que culminou no acesso à Série C do Campeonato Brasileiro no mesmo ano da queda no estadual.
– O clube estava com muita dificuldade financeira, mas pouco a pouco fomos reestruturando. Trouxemos pessoas muito competentes para cada área. No futebol ninguém faz nada sozinho. Acho que a gente foi muito assertivo na contratação do Chávare naquele momento. Ele fez um grande trabalho aqui, frente à Ferroviária, montou um grupo e criou um ambiente vencedor. A partir daí as coisas começaram a acontecer e conseguimos dois acessos. Acho que foi fruto de muito trabalho – afirmou.
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Ferroviária foi vice-campeã da Série D e conseguiu subir para a Série C — Foto: Tiago Pavini/Ferroviária SAF
Novo momento
O acesso assegurado no início de outubro diante de mais de 7 mil torcedores na Fonte Luminosa colocou o clube na prateleira dos 40 melhores do futebol brasileiro. Mas 20 anos antes de chegar à segunda divisão nacional, a Ferroviária precisou virar clube-empresa para sobreviver, quando disputava a quarta divisão do Campeonato Paulista. Com ajuda da Prefeitura de Araraquara, a AFE municipalizou o estádio em troca do pagamento das dívidas.
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Time da Ferroviária festeja acesso à Série B — Foto: Carolina Borges/Ferroviária SAF
A administração empresarial foi pioneira no futebol brasileiro e há muitos anos é a realidade da Ferroviária. Sendo assim, o modelo de gestão não é uma novidade para os torcedores afeanos, mesmo com a recente chegada da SAF, há menos de dois anos. Embora a empresa exista para obter retorno financeiro, esta não é uma prioridade no momento, segundo Bertolucci.
– Ainda não tivemos nenhum retorno financeiro. É óbvio que toda empresa busca um dia ter um retorno, mas eu acho que a Ferroviária está sendo mais um aprendizado. É mais um trabalho de causa do que de dinheiro. Além disso, tem a quantidade de pessoas que você impacta, porque aqui é mais que um clube, é uma cidade. Isso não é uma coisa que tem nos preocupado nesse momento. A ideia hoje é reestruturar o clube e deixá-lo muito melhor do que ele estava, para que ele possa um dia se tornar autossustentável – conta.
Agora na Série B, o time terá cotas maiores de direitos de transmissão e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Em julho de 2023, antes de conquistar o acesso para o terceiro escalão nacional, a Ferroviária SAF tinha um capital social avaliado em R$ 17,8 milhões de reais. Com os dois acessos consecutivos, uma possível venda das ações da empresa deixou os torcedores em alerta. Mas essa possibilidade foi negada pelo principal investidor.
– Pretendemos continuar e conquistar mais coisas. Agora o trabalho é buscar o acesso na A2. Vamos conseguir trabalhar com alguns jogadores que vão ficar e outros antes a gente não conseguiria trazer, porque a agora vamos ter um calendário anual, uma Série B. A princípio não temos interesse de nenhum de vender o clube – finalizou Bertolucci.
 
                